sexta-feira, 29 de abril de 2011

 Composto de cogumelo suprime cancro da próstata

Testes realizados em ratos foram cem por cento eficazes

'Coriolus versicolor' é usado na medicina tradicional asiática
Um cogumelo usado na Ásia com fins medicinais revelou-se totalmente eficaz na supressão do desenvolvimento de tumores de próstata, em testes com ratos realizados num estudo da Queensland University of Technology, Austrália.

Apesar de a medicina tradicional já utilizar este cogumelo - Coriolus versicolor ou Yun-zhi - pelos seus efeitos terapeuticos, a investigação publicada na revista científica “PLoS One” é a primeira a mostrar a sua eficácia em células estaminais do cancro.

O Coriolus versicolor apresenta um composto denominado por polissacaropeptídeo (PSP). Os investigadores extrairam-no do caule do cogumelo e aplicaram-no em células estaminais do cancro da próstata, tendo suprimido a formação de tumores nos ratos.
'Coriolus versicolor' é usado na medicina tradicional asiática"No passado, outros inibidores testados em ensaios [clínicos] tinham-se mostrado eficazes até 70 por cento, mas com este composto a eficácia contra a formação de tumores é de cem por cento", explicou Patrick Ling, líder da equipa de investigadores, acrescentando que o "mais importante é que não se verificaram efeitos secundários derivados do tratamento”.

De acordo com o cientista, as terapias convencionais só eram eficazes em atingir determinadas células cancerígenas, mas não as estaminais, que iniciam o tumor e causam a progressão da doença.

Patrick Ling
Patrick Ling
Durante os ensaios clínicos, os ratinhos, que foram manipulados para desenvolverem tumores da próstata, alimentaram-se 20 semanas com PSP. Depois deste período, não foram encontrados tumores em nenhum dos roedores alimentados com PSP, enquanto aqueles que não receberam o composto desenvolveram tumores de próstata.

“O estudo sugere que o PSP pode ser um potente agente preventivo contra o cancro da próstata, possivelmente por atingir a população de células estaminais desta doença",
destacou Ling.

Apesar de estes cogumelos terem propriedades medicinais reconhecidas, o investigador sublinhou que os efeitos do PSP demonstrados neste estudo não são possíveis de alcançar com o simples facto de se comerem Coriolus versicolor.

 

Interior da Lua contém tanta água como o da Terra

O interior da Lua contém tanta água como as profundezas da Terra, revela uma investigação divulgada na revista científica Science, que questiona a teoria da formação do único satélite natural do "planeta azul".
foto Universiade de Brown/AFP
Interior da Lua contém tanta água como o da Terra
Amostra prova existência de água no interior da lua
A descoberta realça ainda que a Lua contém cem vezes mais água do que os cientistas pensavam.
Os autores da investigação, citada pela agência AFP, chegaram a estas conclusões depois de terem encontrado moléculas de água, assim como outros elementos voláteis, nas amostras de magma lunar retidas em grânulos de vidro vulcânico recolhidos pelos astronautas da Apollo 17, a última missão espacial na Lua, em Dezembro de 1972.
"As amostras de magma [lançadas das grandes profundezas lunares pela actividade vulcânica há muitos milhares de anos] são a melhor medida de que dispomos para avaliar a quantidade de água no interior da Lua", assinalou um dos autores da investigação, James Van Orman, professor de Geologia.
Segundo o perito, o interior da Lua "parece bastante semelhante" ao interior da Terra quanto ao que se sabe sobre a abundância de água.
Na verdade, os investigadores detectaram no magma lunar concentrações de água e elementos voláteis como flúor, cloro e enxofre em quantidades idênticas às medidas no magma solidificado das cristas oceânicas terrestres.

 

 

 Universidade de Évora quer criar Instituto de Energia Solar

Tem como objectivo o desenvolvimento de tecnologia e de conhecimento da universidade para ser colocado à disposição das empresas

A Universidade de Évora (UÉ) quer criar o Instituto Português de Energia Solar (IPES), um interface entre a academia e as empresas, que tem como objectivo o desenvolvimento de tecnologia e de conhecimento da universidade para ser colocado à disposição das empresas.

Na universidade alentejana já estiveram empresas da área da energia solar e instituições de investigação para conhecer o projecto, sendo que manifestaram interesse em integrar aquele que será o primeiro instituto português dedicado a esta área.

Com a primeira licenciatura em Engenharia das Energias Renováveis e com a primeira cátedra dedicada a esta matéria, a UÉ teve a iniciativa de criar o IPES, numa região do país que tem recebido projectos importantes na área da energia solar.

Numa primeira reunião, onde foi avaliado o interesse de um conjunto de grandes empresas portuguesas na área da energia solar e de instituições de investigação, foram discutidos os objetivos e os estatutos deste instituto, bem como foram ouvidas contribuições dos potenciais associados.

A transferência do conhecimento entre a universidade e as empresas é, segundo o reitor da instituição universitária, Carlos Braumann, o objectivo principal do instituto, o que faz dos empresários uma das “peças fundamentais”.

Para o titular da Cátedra BES, Manuel Collares Pereira, “a adesão foi muito boa. Todos se manifestaram interessados e reconheceram o grande mérito desta iniciativa. Agora vamos trabalhar no sentido de caminhar para uma definição mais afinada e que nos vai permitir criar o IPES”.

O IPES pretende ser aglomerador, congregando os esforços de todos os intervenientes, através da cooperação e do trabalho em conjunto.

 

 

 Projecto português financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates

João Gonçalves propõe terapia inovadora contra a SIDA
O financiamento permite O investigador João Gonçalves, da Faculdade de Farmácia e do Instituto de Medicina Molecular em Lisboa, acaba de receber um financiamento da Fundação Bill & Melinda Gates para desenvolver nanopartículas com propriedades terapêuticas capazes de eliminar o vírus HIV-1 de indivíduos infectados.

Em entrevista ao Ciência Hoje, o cientista afirmou que o projecto intitulado «Nanotechnology against viral latency: Sensor strategies to eliminate HIV-1 infected cells», escolhido entre os 2500 apresentados para ser financiado pela fundação, na sexta ronda do programa mundial Grand Challenges Exploration, “pretende curar a SIDA”.
De acordo com João Gonçalves, “a latência viral é um processo pelo qual o HIV-1 fica residente nos linfócitos e não se replica activamente. Quando as condições são propícias as células ficam activadas e o vírus replica-se. Estas células são chamadas de santuários do HIV-1 porque o vírus pode ficar ‘escondido’ do sistema imunitário nesses locais durante toda a vida do doente. Desse modo, a SIDA é considerada uma doença incurável porque o vírus não pode ser eliminado do organismo. O projecto propõe alterar esta situação, matando as células que estão infectadas pelo HIV-1 de modo a eliminar o vírus dos doentes infectados. As células que não estão infectadas serão poupadas a esta estratégia”.

Duas estratégias

O projecto utiliza “duas estratégias que podem ser complementares ou actuar de forma independente”, explicou o professor. A primeira inclui “a utilização de nanopartículas ou particulas tipo-vírus com anticorpos à superfície onde é incorporado um plasmideo que codifica o activador viral. Quando este activador viral é expresso vai actuar sobre o promotor do vírus integrado na célula activando a expressão viral. Em resposta, o vírus produz as suas proteínas e estas irão actuar especificamente sobre o promotor do plasmideo terapêutico que induz a expressão de uma toxina, matando as células infectadas. Aquelas células que poderão receber o plasmideo, mas que não tenham o vírus incorporado não serão mortas porque não expressam proteínas virais e deste modo não activam a expressão da toxina”.


A terapia está neste momento em desenvolvimento 
A segunda estratégia passa pela “utilização de nanopartículas ou partículas tipo-vírus com anticorpos à superfície onde é incorporado um plasmideo que expressa uma proteína de dedos de zinco construída por nós que reconhece regiões específicas do ADN viral. Quando estas proteínas reconhecem essas sequências conservadas no HIV-1 ligam-se ao ADN e activam uma enzima que vai clivar o pró-farmaco Ganciclovir e matar a célula”. Nesta estratégia, acrescentou, “não é necessário sequer activar o vírus, basta que estas proteínas que actuam como sensores possam detectar a sequência de ADN viral”.

A terapia inovadora foi financiada em cem mil dólares e durará 12 meses. “Está neste momento em desenvolvimento e levará mais um ano até que esteja realizada a primeira parte da validação laboratorial”, adiantou João Gonçalves. “Após esta fase, os resultados serão avaliados e dependendo da sua eficácia, os ensaios in vivo serão financiados pela Fundação Bill and Melinda Gates”, desta vez com um milhão de dólares, explicou.

Para o investigador, “este financiamento permite, em termos práticos, arriscar numa ideia pouco ortodoxa e audaz para a cura de doenças virais e testar, na prática, hipóteses e tecnologias que poderão desenvolver terapêuticas mais eficazes, não só contra vírus mas também contra o cancro”. Mais acrescentou: “Em termos científicos, significa o reconhecimento de uma ideia ambiciosa num campo extremamente competitivo como é o HIV-1”.

Imagem de molécula dá novas pistas sobre HIV e cancro

Cristalografia de raios-X permitiu determinar estrutura da CXCR4

 

Investigadores norte-americanos criaram uma imagem de uma importante molécula que está ligada ao cancro e à infecção por HIV, que poderá ajudar no tratamento de ambas as doenças.

Segundo um artigo publicado na revista científica “Science”, foi utilizada a técnica de cristalografia de raios-X para determinar a estrutura da molécula CXCR4 e o seu mecanismo de acção.

Esta descoberta poderá abrir portas para o desenvolvimento terapêutico, embora, segundo os autores, seja necessário aprofundar o conhecimento sobre o funcionamento da CXCR4.

Esta molécula faz parte da família de proteínas designada por receptores acoplados à proteína G, responsáveis pela transmissão de sinais do exterior das células para o seu interior. Desta forma, ajudam a controlar quase todos os processos do organismo, inclusivamente o crescimento celular, a secreção hormonal e a activação do sistema imunitário.

No entanto, quando os sinais que activam o receptor não estão devidamente regulados, a CXCR4 pode estimular o crescimento e a metastização dos tumores.


De acordo com os investigadores, a imagem criada poderá permitir
“desenhar” novos compostos que regulem a actividade daquela molécula ou bloqueiem a entrada do HIV nas células.

 

 

Bancos de tumores de hospitais públicos à disposição
da Fundação Champalimaud

Ana Jorge assinou protocolo de cooperação na área de investigação em oncologia

Os investigadores da Fundação Champalimaud vão ter acesso aos bancos de tumores dos hospitais públicos para ajudar na investigação científica, revelou hoje a ministra da Saúde. Na sua primeira visita com o Centro para o Desconhecido da Fundação Champalimaud em funcionamento, Ana Jorge assinou o protocolo de cooperação na área de investigação em oncologia.

“Os bancos de tumores existem nas instituições do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e foi muito conquistado pelos profissionais portugueses, porque necessitam deles para os processos de investigação. Aquilo que o protocolo permite é que pode haver processos de investigação em conjunto”, referiu Ana Jorge aos jornalistas.

Também a presidente da Fundação Champalimaud, Leonor Beleza, sublinhou que os investigadores precisam de ter acesso a doentes e a material que possa ser estudado.

Em contrapartida, “a fundação abre as portas aos investigadores e aos médicos do SNS” para um trabalho conjunto. “O protocolo também possibilita fazermos, em conjunto com outras instituições, investigação clínica, incluindo doentes que estão em instituições do SNS ou aqui”, afirmou.

Globalmente, o protocolo assinado abre a porta a que as pessoas com cancro seguidas no SNS tenham acesso aos tratamentos e à investigação do centro Champalimaud. Contudo, a percentagem de pacientes a serem tratados e os custos que este encaminhamento envolve para o Estado ainda não estão definidos. Ana Jorge apenas revelou que os doentes com cancro da mama serão uma das prioridades nesta cooperação entre o Estado e a fundação.

“Frequentemente temos necessidade de fazer o rastreio e identificação dos casos suspeitos, que terão de fazer uma confirmação, diagnóstico e tratamento. A fundação poderá entrar nesta parte, quer no diagnóstico, quer no tratamento dos doentes. Alguns poderão ser tratados aqui outros nas instituições do SNS, estabelecendo uma percentagem”, declarou.

 

 

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