sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Nanodiamantes podem melhorar tratamento do cancro

Investigador Dean Ho fala em alternativa eficaz


Um artigo científico hoje divulgado defende que a junção de diamantes de tamanho muito reduzido à quimioterapia pode melhorar o tratamento do cancro. Dean Ho, professor de engenharia bioquímica e mecânica na Universidade norte-americana de Northwestern, sustenta que o nanodiamante pode ser uma alternativa eficaz para aplicar medicamentos em cancros de tratamento difícil.

São materiais com base de carbono de dois a oito nanómetros de diâmetro (um nanómetro é um milionésimo de milímetro) que os cientistas dizem agora que poderia ajudar a inverter a resistência do cancro à quimioterapia, que contribui para 90 por cento das metástases.

A superfície de cada nanodiamante tem grupos funcionais que permitem que se liguem a uma gama de compostos, incluindo os agentes da quimioterapia. Os investigadores ligaram a este material o composto doxorubicin, que se usa na quimioterapia, usando um processo que permite libertar o fármaco de forma gradual, aumentando a sua retenção e a sua eficácia sobre o tumor.

Nos seus estudos de cancro de fígado e de mama, Dean Ho e a sua equipa verificaram que quantidades normalmente fatais de compostos de quimioterapia, quando associadas aos nanodiamantes, permitiram diminuir o tamanho de tumores em ratos e também melhorar as taxas de sobrevivência, sem efeitos secundários nos tecidos ou nos órgãos.

Segundo o artigo publicado na «Science Translational Medicine», este é o primeiro trabalho que demonstrou o potencial dos nanodiamantes no tratamento de cancros que se tornaram resistentes à quimioterapia. “Este método poderia melhorar significativamente a eficácia do tratamento do cancro resistente aos medicamentos e poderia melhorar ao mesmo tempo a segurança no tratamento”, indica Dean Ho.


Evolução da biomecânica do corpo humano

EUROMECH: Reunião internacional decorre esta semana nos Açores


A biomecânica do movimento humano é o tema da reunião internacional que começou ontem nos Açores, onde estão em análise modelos de engenharia usados na criação de próteses para melhorar a qualidade de vida de pessoas com mobilidade reduzida.

Colocadas em cirurgias às ancas ou aos ombros, são casos "estudados com modelos mecânicos", afirmou Jorge Ambrósio, do Instituto Superior Técnico, salientando que "os mesmos que são usados para a construção de um carro ou de um edifício são também usados para o corpo humano, com a supervisão dos médicos".

O especialista referiu ainda que esta é uma forma de melhorar a qualidade de vida, nomeadamente através da "possibilidade de manter o movimento com os mesmos padrões que, por doença ou acidente, não se podem manter".

Jorge Ambrósio falava à margem do colóquio EUROMECH, que decorre até depois de amanhã na Universidade dos Açores, em Ponta Delgada, com a participação de 80 engenheiros e médicos de Portugal, Alemanha, Holanda, Bélgica, Itália, França, Dinamarca, EUA, Brasil, Espanha, Rússia, Polónia, República Checa, Eslováquia.

Durante os dois dias de trabalhos, estes especialistas vão debater a biomecânica do movimento humano, analisando as novas fronteiras da aplicação clínica das técnicas que têm vindo a ser desenvolvidas na Europa.

“A biomecânica tem uma especificidade muito interessante que junta engenheiros e médicos", frisou Jorge Ambrósio, salientando, ao nível da ortopedia, a possibilidade de criar ortóteses e próteses para "aumentar a qualidade de vida dos doentes", por exemplo, com pé diabético.

Com engenharia mecânica ou civil

Nesse sentido, frisou que "estão a ser usados modelos mecânicos típicos da engenharia mecânica ou civil para modelar e descrever como é que os seres humanos caminham e correm”, afirmou o especialista.

Jorge Ambrósio destacou ainda o caso de cirurgias à anca ou ao ombro, em que há substituição dos tecidos naturais por artificiais, salientando que estas operações implicam, não só remoção de uma parte dos ossos, que são substituídos pelas próteses, mas também a recolocação dos músculos em localizações que não são exactamente as naturais. Nesta área, disse existir um número crescente de cursos de engenharia biomédica, que são ministrados por engenheiros e médicos.

As iniciativas EUROMECH são promovidas pela Sociedade Europeia de Mecânica, sendo o encontro subordinado ao tema 'Biomechanics of Human Motion. New Frontiers of Multibody Techniques for Clinical Applications'. Esta iniciativa é uma organização das universidades Técnica de Lisboa, dos Açores e do Minho, contando ainda com a colaboração de instituições universitárias da Holanda e da Alemanha.


Prémio distingue técnica de detecção do cancro do colo do útero

Tecnologia “eficaz e de baixo custo” para a detecção precoce de Papilomavírus

O investigador Rui Pereira Nobre é o vencedor do Prémio Bluepharma/Universidade de Coimbra 2010, pelo desenvolvimento de uma tecnologia“eficaz e de baixo custo” para a detecção precoce do cancro do colo do útero, foi hoje anunciado.

Investigador em pós-doutoramento no Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (UC), Rui Pereira Nobre foi premiado pela sua tese de doutoramento, que levou ao"desenvolvimento e à validação clínica de uma tecnologia eficaz e de baixo custo, que permite detectar, com elevada sensibilidade, todos os tipos de Papilomavírus Humano [HPV], identificar o tipo específico de vírus e classificá-lo de acordo com o seu risco oncogénico”.

De acordo com o investigador, esta tecnologia “contribui para uma melhoria significativa nos cuidados de saúde, uma vez que permite ao clínico identificar, numa fase precoce e assintomática, as mulheres que realmente apresentam um risco acrescido para o desenvolvimento do cancro”.

A tecnologia já foi submetida a patente e está a ser implementada na prática clínica do Instituto Português de Oncologia de Coimbra Francisco Gentil, EPE, segundo uma nota de imprensa. Rui Pereira Nobre candidatou-se ao Prémio Bluepharma/Universidade de Coimbra 2010 com a tese intitulada “Descodificando o papel do Papilomavírus Humano no desenvolvimento do cancro do colo uterino: nova perspectiva filogenética e novos conceitos patogénicos”.

Neste trabalho, que teve como resultado final o desenvolvimento daquela tecnologia, o autor visou a“caracterização do espectro de todos os tipos de Papilomavírus Humano anogenitais presentes na população portuguesa”, é referido numa nota de imprensa.

Dois pedidos de patente


O cancro do colo do útero é actualmente uma das principais causas de morte por cancro nas mulheres, estimando-se que, anualmente, sejam diagnosticados 493 mil novos casos em todo o mundo. No valor de dez mil euros, o Prémio Bluepharma/Universidade de Coimbra 2010 foi anunciado e entregue hoje na sessão comemorativa do 721.º aniversário da universidade.

Distinguido com o Prémio BES Revelação em 2007 e vencedor dos Concursos Nacional de Inovação BES, no mesmo ano, e Nacional de Bioempreendedor, em 2006, Rui Pereira Nobre registou, nos Estados Unidos da América, dois pedidos de patente internacional.

Foi responsável pela descoberta, isolamento e sequenciação completa do genoma de um vírus humano – Papilomavírus 108. Na sessão, que marcou o arranque da XIII Semana Cultural da UC, foi entregue também o Prémio Universidade de Coimbra à investigadora Maria de Sousa.


Impressora para tecidos biológicos é o futuro
da medicina reconstrutiva


Tecnologia desenvolvida na Universidade de Cornell foi apresentada no encontro da AAAS


Uma impressora 3D desenvolvida para imprimir com tecidos biológicos foi uma das novidades apresentadas no encontro da AAAS (Associação Americana para o Avanço da Ciência), que terminou na passada segunda-feira, em Washington.

Este aparelho foi desenvolvido na Universidade norte-americana Cornell, por uma equipa de investigadores liderada por Hod Lipson. Actualmente, estão a trabalhar na impressão de orelhas para serem usadas na medicina reconstrutiva.

O objectivo desta tecnologia é promover uma melhor e mais eficaz reconstrução. Os investigadores querem que no futuro cada paciente tenha todos os pormenores do seu corpo armazenados nos computadores dos médicos.

Quando uma pessoa necessitar de uma nova cartilagem ou até um osso, as informações estarão disponíveis para se realizar uma reconstrução perfeita.

Depois, as células do próprio paciente serão recolhidas e postas em cultura para serem usadas como “tinta” para imprimir novas partes do corpo. A impressora, explicam os cientistas, funciona basicamente como uma de jacto de tinta ou de um plotter de impressão. Dentro de uns 20 anos, acreditam os investigadores, esta tecnologia poderá fazer parte do quotidiano médico.


Será a Biologia a ciência do século XXI?

Por promover a interligação e a integração de diversos campos científicos, a Biologia é a ciência do século XXI. Ao longo do último século, o conhecimento científico e suas aplicações práticas evoluíram exponencialmente em simultâneo com o desenvolvimento tecnológico. As inovações tecnológicas conduziram a descobertas por inspirarem novas possibilidades e aproximações a questões científicas antigas.

Na realidade actual, a Biologia tornou-se um campo de investigação tão vasto que é necessário ser estudada não como uma única disciplina, mas sim dividida em várias disciplinas subordinadas.

* investigadora na área da Genética

A importância da Biologia é corroborada por vários cientistas, que apontam como principal fundamento o facto de esta abranger um espectro amplo de áreas académicas frequentemente consideradas disciplinas independentes, mas que, no seu conjunto, estudam a vida nas mais variadas escalas.


Os estudos em áreas como Biotecnologia, Bioengenharia, Biofísica, Astrobiologia, entre outras, têm protagonizado o papel principal na comunidade científica a nível mundial. O sucesso deste particular campo da ciência prende-se pelo facto das fronteiras entre diversas disciplinas serem muito fluidas, sendo que a maioria das disciplinas recorre frequentemente às técnicas de outras, segundo justificam os investigadores.


No entanto, o desenvolvimento acelerado da ciência, no sentido lato da palavra, também levanta questões relativamente à ética ou, por vezes, à falta da mesma. Relativamente a esse aspecto, a Biologia contém um papel fundamental, uma vez que a sua aplicação cada vez mais diversificada promove uma crescente sensibilização na sociedade actual para questões de natureza ambiental e bioética.


Em suma, o facto de a Biologia estar presente e funcionar como “fio condutor” entre as diversas disciplinas científicas, aponta-a como a ciência do século XXI.


Produto deverá ser comercializado ainda este ano



Os chuveiros e autoclismos são os responsáveis pelos gastos domésticos mais significativos de água, entre 70 e 80 por cento.
Os chuveiros e autoclismos são os responsáveis pelos gastos domésticos mais significativos de água, entre 70 e 80 por cento.
O desperdício doméstico de água em Portugal atinge anualmente três mil milhões de metros cúbicos, o que equivale a 750 milhões de euros, mas está em vias de ser minimizado.

Um investigador da Universidade de Aveiro (UA) criou uma torneira misturadora inovadora que vai permitir reduzir o desperdício de água em casa. Este dispositivo, que se encontra patenteado a nível internacional, permite reutilizar a água que é desperdiçada cada vez que se abre a torneira da água quente e se espera que ela aqueça.

“Em média, são três litros de água potável que correm directamente para o esgoto, por cada utilização”,estima Vítor Costa, que desde 2007 tem vindo a trabalhar neste projecto que permite que a torneira só forneça água quando já está quente, de acordo com a temperatura desejada.

“A água fria, que se encontra na tubagem, entre a caldeira/esquentador e a torneira, é guardada num reservatório e entra novamente na rede, o que pode representar uma economia de centenas de litros de água no final do mês”, adiantou o docente da UA.

O sistema pode também ser usado em instalações antigas sem a necessidade de fazer grandes obras de construção. “Pode usar-se com uma torneira usual, mas é preciso acrescentar um componente hidráulico e um reservatório que vai acumular a água”, explicou.

Desenvolvido em conjunto com a Metalúrgica Luso-Italiana, uma empresa portuguesa que concentra a sua actividade no fabrico e comercialização de torneiras, este sistema misturador com função de poupança de água deverá chegar ao mercado ainda este ano. “Temos alguns protótipos que funcionam e, neste momento, estamos na fase de fazer as últimas afinações”, referiu Vítor Costa, que prevê que o produto possa estar à venda “muito em breve”.

De acordo com o investigador, a perspectiva de comercialização e conquista de mercado por um produto deste género é “muito grande”e, embora o sistema seja “mais caro” do que uma torneira convencional, a diferença de preços irá compensar a médio/longo prazo, em termos da poupança da água.

O investigador sublinha ainda que a escolha deste produto pode ser importante para obter uma boa classificação energética dos edifícios, acrescentando que o sistema não usa qualquer fonte adicional de energia.

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